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Espelho

Ao me ver projetada,
rugas e longos fios brancos.
Um semblante marcado pela dor
e pelo amor.
Lembrava-me meus 70 e poucos anos.
Solidão e tristeza via naqueles olhos secos.
Lágrimas, já não existiam mais.
Pensamentos mostravam o quanto a vida foi dura
Ah mulher!
Erga sua cabeça e siga em frente!
Imperativo.
Não existem mais forças.
Cansei de tentar ser mulher-maravilha.
Senti dores em lugares onde não deveria sentir,
é verdade.
Falei, falei e falei e nunca fui ouvida…
Palavras incríveis!!
… ao vento…
Vesti a capa de heroína para viver os dias.
E me desnudei em prantos ao voltar para casa.
Afinal, isso é ser mulher?
Ser forte para as mais cruéis sutilezas do dia
E se sentir a pior das criaturas
ao deitar-se na cama para dormir.
Mas isso não termina aqui.
Mesmo em base frágil, argilosa e movediça,
deixo um legado.
Ele, tão puro, tão sereno…
O melhor de mim.
Sentiu minhas dores que
por vezes escondi.
Mas ele há de ser diferente.
Nasceu de mim!
Um sopro de esperança…
*Poema vencedor de Melhor Poema da coletânia Elas, a alma, a cura – Páginas Editora

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