Dias de abandono, de Elena Ferrante, é uma história visceral e impactante. Mexeu com o meu íntimo. Se você é mulher, certamente sentirá empatia. Haverá momentos em que você sentirá pena e irá querer acolher a personagem principal dessa história, a Olga. Mas outros tantos você irá querer sacudi-la e gritar: acorda! Mas não há espaço para julgamento aqui.  

Um livro que me colocou para refletir e, ao final da leitura, me deixou cansada. Fisicamente mesmo. Exaurida. Com um enredo quase clichê, Elena Ferrante me nocauteou e a crueza e força dos sentimentos narrados. Um belo dia, no almoço, o marido da protagonista, decide sair de casa, depois de 15 anos de casamento.

“Uma tarde de abril, logo após o almoço, meu marido me comunicou que queria me deixar. Fez isso enquanto tirávamos a mesa, as crianças brigavam como sempre em outro cômodo. O cachorro resmungando ao lado do aquecedor”

Mário, o marido, disse dessa maneira, como se estivesse contando como tinha sido o dia no trabalho. Só com essa frase, a autora consegue entregar para o leitor um pequeno panorama de como será a vida dessa personagem após essa separação, carregando nas costas todas as responsabilidades construídas pelo casal. E isso é muito cruel. E, obviamente, o que a gente encontra nesse livro é um descontrole completo emocional e mental de Olga. Ela não tem tempo de sofrer e absorver toda aquela situação tão inesperada. Pelo menos ela enxergava dessa maneira.

A narrativa é em primeira pessoa, então conhecemos essa história sob o olhar de Olga, o que pode não ser tão confiável assim, mas nos faz mergulhar, junto a ela, a sua dor.

Conheça essa história em: https://www.youtube.com/watch?v=HeW62d5UJew

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5 estrelas