O primeiro livro de Fogo & Sangue, de George R. R. Martin – sim, teremos a continuação dele – nos deixa um pouco pensativos em relação à oitava temporada da série Game of Thrones, que será lançada em abril. O autor nos conta alguns segredos da família Targaryen, os reinados da família nos últimos 300 anos, as brigas entre eles e o triste fim dessas batalhas, entre tantas outras coisas. Mas, em toda a leitura eu me perguntei: será que esse livro pode revelar alguns segredinhos da 8ª temporada?
Antes de entrar na história em si e especular por essa resposta, eu gostaria de falar no geral as impressões que o livro me causou. Fisicamente, a narrativa conta com as belíssimas ilustrações de Doug Wheatley que também contam a história lindamente, juntamente com o texto. É uma forma bem interessante de fazer com que o leitor esteja naquele ambiente junto aos personagens. O texto é contado como se fosse um documento histórico da Cidadela, pelo meister Gyldayn. Por ser em primeira pessoa, em diversas ocasiões a história nos traz dúvidas sobre a veracidade dos fatos. O meister, inclusive, deixa isso bem claro, quando em vários momentos disse que determinado fato tem três versões distintas. Cabe, então, que o leitor faça um exercício para escolher aquela história preferida.
O livro tem uma leitura fluida, em um estilo de narrativa histórica, mas, em alguns momentos, se torna um pouco confusa por causa de tantos nomes e famílias. O autor apresentou os anos de dinastia Targaryen – de Aegon I a Aegon III – mas não apresentou um final, justamente porque, sim, haverá a segunda parte do volume 1, sem data prevista para lançamento, ainda.
Vamos à história
Os Targaryen eram membros de uma das 40 famílias de Valíria, senhores ancestrais de dragões. No entanto, não eram os mais poderosos e ricos. Valíria era uma cidade muito rica, onde os senhores disputavam o puder. Em um determinado momento da história Daenys, filha do lorde Aenar Targaryen, teve um sonho premonitório sobre a ruína da cidade – que era cercada por vulcões – justamente pelo fogo. Foi neste momento em que a família vendeu todas as suas terras e todos se mudaram para Pedra do Dragão, incluindo os seus dragões. 12 anos depois, Valíria estava sob chamas, matando todos da cidade. Há quem ache esse gesto de fuga indigno. Mas, fato é que os Targaryen se tornaram, depois disso, os únicos senhores dos dragões e os mais fortes e poderosos de Westeros.
A conquista de Aegon só aconteceu um século depois da ruína de Valíria e a data foi tão marcante que passou a ser o marco zero, fazendo referência à contagem de tempo da Bíblia (AC – Antes da Conquista e DC – Depois da Conquista). Sobre as motivações de Aegon para conquistar Westeros muito se especula. Há quem diga que ele sabia sobre os White Walkers e queria unificar todo o reino para uma possível batalha que viesse a acontecer no futuro. Com os sete reinos unificados – antes, cada reino tinha um rei – eles teriam mais chances de vencer esse mal que vinha do norte. Essa versão pode até ser pertinente, já que em Pedra do Dragão, havia uma caverna – descoberta por John Snow na série da TV – que tinha desenhos ancestrais representativos desse mal. Mas, a razão que o livro nos conta é que o senhor Argilac – Rei da Tempestade – havia oferecido a Aegon a mão de sua filha donzela, mais alguns dotes em terras, já que ele queria ter os Targaryen como aliado. No entanto, Aegon recusou de imediato, pois ele já tinha duas esposas, suas irmãs Visenya e Rhaenya. Mas, fez uma contraproposta: receberia as terras, mas a filha do senhor se casaria com seu amigo e campeão – há quem diga que ele era um irmão bastardo de Aegon – Orys Baratheon. Enfurecido, Argilac enviou em uma caixa as mãos do mensageiro de Aegon com um bilhete: “essas são as únicas mãos que seu bastardo receberá de mim”. Neste momento, começou a conquista de Aegon sob os sete reinos.
Aí então, começa a história do reinado da família Targaryen em Westeros, iniciando com Aegon I (e suas duas rainhas, esposas e irmãs), que foi apelidado como Aegon, o Conquistador. Ele e suas duas irmãs esposas representavam o dragão de três cabeças do brasão da família.
Aegon, o Conquistador, seguiu rei de Westeros e morreu de morte natural, no ano 37 DC. Seu primeiro filho, junto à rainha Rhaenys, Aenys Targaryen, assumiu o seu curto reinado. Toda a conquista de seu pai corria risco naquele momento, já que as pessoas desconfiavam da força desse filho para governar os sete reinos, e muita batalha estava por vir. Momentos sanguinários e de muita crueldade estava prestes a surgir. Houve então, após a morte de Aenys (não vou falar como a morte aconteceu para não dar grandes spoilers), a ascensão de Maegon Targaryen, que seria chamado de o Cruel posteriormente.
Durante todo o reinado da Casa Targaryen – em suas mais diversas gerações – eles conseguiram ser amados e temidos por muitos anos, sendo os únicos a conseguirem ser os senhores ancestrais de dragões. Esses animais eram a grande força da família. Eles, que tinham por tradição realizar casamentos entre si – inclusive entre irmãos e outros familiares sob o argumento de manterem a raça pura de cabelo platinado e olhos cor de violeta – foram reis e rainhas ora pacíficos ora sanguinários. Aquela ideia do “poder pelo poder” impera em muitos momentos onde membros da família disputam o Trono de Ferro sob o argumento de serem os verdadeiros herdeiros por direito. O final desses conflitos é sempre com muito derramamento de sangue e, em muitas situações, família matando família.
No entanto, teve um momento do reinado dos Targaryen que foi marcado por momentos de paz: o longo reinado de Jaehaeris I (descendente de Visenya) e sua esposa Alysanne (descendente de Rhaenya) – que por sinal foi uma rainha muito à frente do seu tempo, pensando muito sobre a situação das mulheres naquele momento. Ela, inclusive, fez seu marido revogar a lei da Primeira Noite, em que o rei tinha o direito de se deitar com as noivas donzelas antes dos maridos. Em uma passagem interessante desse reinado mostra que a rainha foi para a muralha e, desejando voar mais ao norte para saber o que tinha daquele outro lado, montou em seu dragão. Mas, ele se recusou a voar mais ao norte da muralha. Na série Crônicas de Gelo e Fogo existe uma magia em que os White Walkers não conseguem passar para o outro lado da muralha. Seria esse feitiço de valia para os dragões também? Não sei dizer e, na série de TV, isso não era verdade. A gente viu a Daenerys passar com os dragões para salvar John Snow.
Durante todo o reinado teve momentos de muito sangue, batalhas e muitas tragédias familiares. Tem a famosa Dança dos Dragões, um combate épico dessa história que Westeros foi testemunha; grandes batalhas nos céus entre os dragões da família.
Atenção a esses pontos
Alguns momentos da narrativa, a história te dá dicas de coisas recentes das Crônicas de Gelo e Fogo (ou de Game of Thrones), como a origem dos três ovos de dragões de Daenerys Targaryen. Lá no início do reinado Targaryen, existem três ovos que foram roubados e que, especula-se, estar em um banco em Bavaros. Isso poderia explicar a origem dos três dragões de Daenerys Targaryen.
E por falar em Daenerys, fazendo referência ao nascimento do dragão onde ela sai intacta do fogo, ao contrário do que pensávamos, existem muitos Targaryens que morrem queimados, inclusive pelo fogo de dragões. Há quem diga que alguns são mais resistentes às chamas que outros. Talvez aqueles que de fato sejam detentores do direito ao trono de ferro. Essa seria uma explicação plausível.
Também há uma passagem sobre uma ligação que eu fiz da personagem de Crônicas de Gelo e Fogo (e de Game of Thrones) que tem mais de 200 anos, a bruxa Melisandre. O livro Fogo & Sangue faz referência a uma bruxa que tem as mesmas características que ela, o que me levou a pensar que seria a mesma pessoa. Será? Existem outras teorias sobre a Melisandre, inclusive, que ela seria a neta perdida de Aegon IV, portanto, uma Targaryen. Mas, são só teorias.
Como a gente sabe, os Targaryen casam entre si para manter o costume de perpetuar a raça pura. No entanto, eles também se matam, como a gente viu acontecer nesses 300 anos que antecederam as Crônicas de Gelo e Fogo. Cabe aqui a dúvida: qual será o destino da Daenerys e de John Snow? O amor ou a disputa pelo trono?
Para quem acompanha a série de TV e lê os livros, Fogo & Sangue é um documento histórico que vai revelar muitas coisas importantes da trama. Vale a leitura!